Eu gosto de escrever. Eu quero escrever.
Então, por que não escreve? - você poderia se perguntar.
E o seu blog às moscas? - seria outra questão interessante.
Na maioria das vezes, eu quero escrever coisas impublicáveis. Eu quero um romance, um pseudônimo, uma controvérisia, um questionamento. Eu quero sentimento, eu quero ficção, eu quero profundidade, mas um pires às vezes também vai bem.
Eu quero escrever. Isso é tão absurdo assim?
Não, eu nou sou gay. rs
22.3.13
27.2.13
Desolação - Uma Homenagem a Lovecraft
Não resisti aos meus obscuros
desejos e, com um desespero periclitante, me entreguei a mais um impressionante
e insidioso romance de Howard Phillips Lovecraft. Sim, o traiçoeiro volume me
atraiu de tal forma vil e doentia, que não pude esperar para lê-lo da maneira
mais confortável. Mergulhei no louco Caso
de Charles Dexter Ward através da alarmante, ainda que profícua, tela de um
computador.
É estarrecedor pensar quão
degenerada era a mente febril do homem que escreveu histórias terríveis, que
superam em horror a mais desenfreada fantasia de qualquer leitor comum. Quais
teriam sido os pavorosos pesadelos à espreita de longas noites de sono
turbulento, amaldiçoado e insano? Não, eu nunca conseguiria sequer começar a
imaginar que estranhas aberrações permeavam a visão retorcida daquele homem.
Nada do que eu visualizasse chegaria sequer próximo de uma paródia incipiente
daquele terror cósmico, queimando como os fogos fátuos de uma criatividade
exaurida e estéril. E mesmo qualquer palavra aqui escrita, tentando conceber
uma visão mesmo que caricatural de tais pesadelos estarrecedores, não passará
de uma tentativa pálida, esmaecida e decadente de entendê-los.
É por isso que fraquejo nesse
instante, sem saber como continuar esse arremedo de texto, maltratado pela
funesta tentativa de explicar o inominável, descrever o indescritível. Ainda
assim, tentarei traduzir o que minha imaginação distorcida e insuficiente pode
deduzir. Me arrisco a crer que tais pesadelos invocavam o profano, o desumano,
o diabólico e o sobrenatural. Sonhos com monstruosidades inconcebíveis,
criaturas necrófagas, sombras amorfas e incorpóreas, alienígenas aterradores;
com os mais profundos abismos sem luz, exalando, de suas profundezas
misteriosas, efluências de gases miasmáticos e vapores esverdeados que emanam
fedores particulares. Pesadelos vívidos com profundas catacumbas gotejantes, em
cujo chão úmido proliferam fungos fosforescentes, de onde nasce uma névoa
amarelada e sepulcral exalando cheiros fétidos; nas paredes bolorentas
poder-se-ia ver uma odienta serosidade mefítica que evocaria, nas lembranças de
quem a visse, mórbidas sugestões de rostos humanos transfigurados.
Claro, essas não passam das
mais puras especulações, mas quem poderia conceber horrores tão bizarros e
desconexos senão através de seus próprios sonhos? Não são eles em sua maioria
desconexos, produzindo seres e situações anormais e exóticas, caindo, muitas
vezes, até mesmo em delírios hediondos? Sonhos que nossa consciência faz
questão de apagar da lembrança, restando apenas aquela sensação de algo doentio
e sinistro vivido num mundo distorcido e tenebroso?
São questões intermináveis
que minha vacilante imaginação nunca poderia alcançar. E, como alguém que sonha
em ser escritora, uma violenta consternação me petrifica ao tomar consciência de
que, perto desse gênio invulgar, possuo apenas um vazio mental. Diante dessa
aterradora situação, abafo o mais alto dos gritos e mergulho numa resignação
que transformo aqui nessa histérica homenagem, ainda que esta não passe, na
realidade, de um mero sussurro entrecortado.
O presente texto foi escrito em julho de 2011 e finalizado hoje.
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