25.9.08

coisas que marcam

É engraçado como tem coisas que marcam a gente...

Quando eu era pequena, acho que tinha uns 7 anos, uma vez eu liguei na casa de uma menina da minha classe para convidá-la para vir brincar comigo, só que a dita cuja me respondeu que umas outras meninas da escola estavam na casa dela, por isso ela não poderia vir. Meio chateadinha, eu desliguei e contei pra empregada que trabalhava em casa - a Lu, um amor de pessoa! - que me sugeriu que eu ligasse para a menina de novo, perguntando se eu não poderia ir lá também.

Já animada de novo, eu corri pro telefone e liguei. A resposta não foi bem a que eu esperava:

- Ah... É que já tem muita gente aqui, não vai dar pra você vir não...

Isso realmente me traumatizou. Me senti a criança mais indesejada da terra. E desde esse dia, criei uma certa mania de perseguição. Sempre achava que as pessoas não gostavam de mim, ou que estavam falando mal, ou que eu estava atrapalhando de alguma forma. E, apesar de eu não ser do tipo que confronta as pessoas, ou seja, nunca briguei com ninguém por causa disso; esses sentimentos acabaram me afastando das meninas da escola. Eu tinha dificuldade para montar grupo para os trabalhos e tinha medo de convidar as amigas para qualquer coisa e receber negativas. Morria de medo.

Outro motivo de isso me afastar das meninas, era que eu fiquei bem chata. Com essa mania de perseguição, eu acabava cismando que tinha alguma coisa errada, aí saía de perto delas e ficava toda tristonha num canto. Meu, que criança que vai querer brincar com uma menina assim? E isso vira uma bola de neve, né. Porque se eu fico chata, as meninas se afastam e eu me sinto mais triste e fico mais chata...

Mas, antes que você fique pensando 'ai, que judiação', deixo claro uma coisa: não fui uma criança infeliz. Eu tinha apenas algumas fases em que esses problemas ficavam mais em evidência. Mas no geral eu tive várias amigas e brinquei bastante com elas ao longo da minha infãncia. Mas existiram casos recorrentes em que eu me afastava. A sorte é que meus pais meio que 'me obrigavam' a ligar pras meninas nessas épocas, e eu acabava melhorando. E, quando eu cresci, eu percebi que eu era cheia das frescuras e cortei isso de uma vez - o que melhorou e muito meu desenvolvimento social, rsrs. Claro, que eu tinha uma ou outra recaída, até na faculdade, mas nunca mais deixei que aquele sentimento de antes me impedisse de manter minhas amizades.

Enfim, eu fugi completamente do assunto. O que eu iria contar era uma outra história...

Certa vez, quando eu estava na quinta ou sexta série, eu fui numa festa de comemoração pela chegada das férias. A minha classe inteira foi e estava bastante divertido. De repente, numa certa altura da festa, tive a velha sensação de que eu era indesejada e me afastei. As meninas estavam todas no quintal da casa onde estava sendo a festa, e eu entrei na sala e sentei sozinha num sofá. Fiquei alí, toda jururu sem nenhum motivo aparente. Eu segurava para não chorar. Eis que dois meninos se aproximaram de mim:

- Que aconteceu? Você tá chorando? - perguntou um deles.

- Não... - respondi.

- Ah, não fica assim! - eles disseram.

Aí, os dois foram até o aparelho de som e aumentaram o volume e começaram a dançar, fazendo palhaçada na minha frente até eu começar a rir. E depois disso, eu fiquei tão melhor que levantei e fui lá na rodinha de meninas de novo.

Eu nunca mais esqueci daquilo. Dos dois meninos que não quiseram me ver triste e tentaram me fazer sorrir...

2 comentários:

Monica Asperti Brandao disse...

Tha, li umas 3 vezes esta postagem, e realmente ela me surpreendeu. Não consegui deixar uma mensagem imediatamente. Só posso dizer que, realmente, quem vê cara, não vê coração. Sempre vi seu lado falante e comunicativo. Mas parece que, escrevendo sobre essas lembranças, voce pode estar, realmente, se despedindo delas, e sentindo que as pessoas "aqui fora", podem não estar sentindo o mesmo que voce, como os garotos da festa.

Mas depois da última notícia, esses detalhes são pequenos, perto do tamanho da sua felicidade .

Mais uma vez, PARABÉNS!!!!!!!

Nenezinho!!!!

Já pensou nos nomes?

É claro que vamos adorar palpitar....Só de brincadeira....

BEIJÂO!!!!

Anônimo disse...

Engracado que eu ja passei por isso tb. Hehehe... Mas hoje morro de rir. Eu acho que tudo isso depende da personalidade da crianca. Eu lembro que as criancas mais malvadas sao aquelas que conseguia mais rodas de amigas, sempre a mais mandona e briguenta se dava bem. Os bonzinhos so se fodem mesmo. Mas, eu adorava minha infancia, anos 80 que maravilha: trocas de papeis de carta, figurinhas, show da Xuxa lembra?