5.7.11

lovecraft

Estou relendo Nas Montanhas da Loucura. Eu lembrava que tinha adorado, mas estou re-adorando talvez até mais. E é tão bom que, nem terminei de ler, já estou preocupada com o fato de este ser o único livro do H. P. Lovecraft que eu tenho. Aí, claro, comecei a pesquisar tudo o que foi publicado do homem em português:

Pela Editora Hedra, temos:

- A Cor que Caiu do Espaço (conto, escrito em 1927)
- O Chamado de Cthulhu e outros contos (contos, o conto que dá título ao livro foi escrito em 1928)
- Um Sussurro nas Trevas (romance, escrito em 1930)
- Nas Montanhas da Loucura (romance, escrito em 1931)
- A Sombra de Innsmouth (romance, escrito em 1931)

Pela Editora Iluminuras, temos:

- Dagon (contos, o conto que dá título ao livro foi escrito em 1917)
- A Maldição de Sarnath (contos, o conto que dá título ao livro foi escrito em 1919)
- O Horror em Red Hook (contos, o conto que dá título ao livro foi escrito em 1925)
- À Procura de Kadath (romance + contos, o romance que dá título ao livro foi escrito em 1927)
- A Cor que Caiu do Céu (contos, o conto que dá título ao livro foi escrito em 1927)
- Nas Montanhas da Loucura (romance + contos, o romance que dá título ao livro foi escrito em 1931)

Existem ainda, dois romances que eu gostaria de ler, mas que não foram traduzidos por nenhuma editora brasileira. São eles: O Caso de Charles Dexter Ward (1927) e The Shadow Out of Time (1935).

O meu livro é o da Iluminuras, que vem com outros contos excelentes também: A Casa Temida (1924), Os Sonhos na Casa Assombrada (1932) e O Depoimento de Randolph Carter (1919).

Apesar de eu já ter sido fisgada pelo autor desde o início do livro, tenho consciência de que a primeira parte de Nas Montanhas da Loucura pode ser bastante enfadonha para muitos. Acontece que o livro é mais um relato de um acontecimento do que uma narrativa - e nele não há diálogos. O narrador é um geólogo que participou de uma expedição no Polo Sul, quando perdeu vários de seus colegas. Durante muito tempo manteve alguns acontecimentos da expedição em segredo, mas, ao descobrir que uma nova expedição ao mesmo local está sendo planejada, ele decide contar tudo, na tentativa desesperada de desencorajá-la. Dessa forma, as primeiras 25 páginas do livro, aproximadamente, são bastante técnicas, explicando os objetivos iniciais da expedição, o número de pessoas, equipamentos, latitudes e longitudes atingidas, bases temporárias e fixas, e coisas desse tipo. Eu recomendei e emprestei o livro para meu irmão, mas ele parou exatamente no ponto em que a narrativa propriamente dita estava prestes a começar.

O modo como Lovecraft conta a história a partir desse ponto, é bastante diferente de qualquer outro autor que eu já li. O narrador reluta em dar continuidade ao relato a todo momento, pois sofre ao recordar várias passagens psicologicamente mais pesados. A história é um misto de horror e ficção ciêntífica, mas eu acho que a segunda característica pesa mais, apesar de Lovecraft ser mais famoso pelo uso da primeira. A ausência de diálogos não me fez falta alguma, pois a curiosidade em saber o que diabos aconteceu naquela terra enregelante o traumatizou tanto me supriu qualquer outro interesse.

John Carpenter, fã do autor, dirigiu um filme que bebe MUITO na sua fonte: O Enigma de Outro Mundo (The Thing), de 1982 - que assisti por pura coincidência nesse último sábado. O filme, que também é uma ficção científica de horror, se passa numa base antártica em que uma estranha descoberta pode significar o extermínio na humanidade, caso vença as barreiras daquele pequeno grupo de pesquisadores. Até mesmo o alienígena utilizado no filme casa bastante com a descrição de um dos monstros que aparece em Nas Montanhas da Loucura. Entretanto, apesar de ser um filme interessante (mesmo bastante datado, lembrando inclusive a paródia A Coisa (The Stuff), de 1985, em vários aspectos), não consegui evitar a sensação de que se ele fosse um pouco mais baseado no livro, o seu êxito seria muito maior.