16.5.11

histórias do cantinho

Finalmente, vou contar o que eu queria quando sentei para escrever o outro post.

Por ordem cronológica, a primeira historinha aconteceu já há algum tempo, coisa de um mês e meio atrás. Zezinho estava brincando com seu giz de cera quando o papai viu alguns rabiscos vermelhos no cadeirão dele. O papai pegou o menininho, levou até o cadeirão (que fica exatamente do lado do local que usamos como cantinho da disciplina) e falou bem firme:

- Zezinho, não pode riscar o cadeirão! Se você riscar de novo, você vai para o cantinho!

Enquanto ouvia, o Zezinho parecia concordar que havia feito besteira, com uma expressão que quase dizia "é, papai, eu pisei na bola mesmo...". O papai, ao terminar de dar a advertência, virou as costas e se afastou até o sofá. Imediatamente, o Zezinho deu dois passos para trás, encostou na parede do 'cantinho' e se sentou, com uma carinha de desolado. O papai chamou, eu chamei, falamos que ele ainda não precisava ir para o cantinho, mas ele só saiu de lá quando o papai foi até ele e o pegou no colo. 

Foi muito bonitinho, porque pareceu que ele estava tão arrependido que acreditava que merecia punição. Nunca mais ele riscou o cadeirão. 

Entretanto, alguns dias depois...

Está o Zezinho desenhando na sala de tv, quando eu percebo que ele riscou o chão da sala. Como de praxe, eu levei ele até o lugar e falei com firmeza que ele não poderia riscar o chão e que se fizesse isso novamente, ele iria ficar no cantinho por dois minutos. Pois bem, eu virei as costas e fui preparar o banho dele. Foi o tempo de ligar o chuveiro e voltar para a sala, quando vi o chão riscado novamente.

Peguei o Zezinho, levei até o cantinho, expliquei o motivo de ele ficar ali e que ele teria que ficar por dois minutos até eu vir tirá-lo. Ele ficou chorando lá, eu o deixei ali e fui até o quarto dele para preparar as coisinhas para o banho. De repente, escuto uns passinhos pelo corredor. Voltei firme até a sala, coloquei ele de volta no cantinho e expliquei que cada vez que ele saísse de lá, eu começaria a contar os minutos de novo. Ele sentou, chorando de novo. Todo esse processo é muito comum, ele já passou por isso centenas de vezes. Eu, mais uma vez, voltei ao quarto dele e imediatamente ouvi os passinhos no corredor. Aí, eu comecei a ir até a sala pisando duro. 

Quando apareci no corredor, tive tempo de ver o Zezinho chegando de volta no cantinho e sentando rapidinho (porque ouviu que eu estava voltando e não queria que eu visse que ele saiu de lá, para que a contagem do tempo não recomeçasse). Cansada, eu fingi que não percebi que ele tinha saído e só olhei brava para ele. Ele me olhou, sorriu, balbuciou algumas coisas na língua dele (como quem diz "e aí, beleza?!") e começou a batucar nas próprias perninhas. Eu voltei pro quarto, segurando para não rir na frente dele, enquanto ouvia ele batucando e cantarolando. O sem-vergonha estava se achando o máximo porque, na cabeça dele, ele me tapeou!!! Ele estava super orgulhoso de ter conseguido se safar!!!! Ficou o restante dos dois minutos sentadinho, no maior bom-humor. E eu não sabia se ria, ou se morria de raiva da cara de pau do garoto!

Pelo menos, ele nunca mais riscou o chão. Já outras coisas...

A última história de cantinho já é sobre a dificuldade que ele sente em pedir desculpas. Nem imagino quem ele puxou, hehe. No início, eu não exigia o pedido verbal de desculpas, apenas um abraço. Nos últimos dois meses, venho exigindo que ele diga "desculpa", já que o vocabulário dele está aumentando e eu já sei que ele é capaz de falar uma palavrinha nova. Nas primeiras vezes eu aceitava qualquer resmungo, como uma tentativa de dizer a palavra. Recentemente ele adotou o "di" como "desculpa" e assim tem sido. O problema é que às vezes ele simplesmente se recusa a se desculpar. E aí, ele acaba tendo que ficar mais dois minutos no cantinho só por causa disso. Geralmente, nessa segunda vez, ele pede desculpas rapidinho.

Uma noite dessas, o menininho estava impossível, nos testando de todas as formas. Já tinha ido pro cantinho umas duas vezes por motivos variados (e nas duas foi um sacrifício arrancar as desculpas dele) e eu tive que colocá-lo lá uma terceira vez, nem me lembro o porquê. Quando completaram-se os dois minutos, eu fui lá e pedi para ele se desculpar, e nada. Ele se recusou completamente. Pedi várias vezes, avisei que se ele não dissesse "desculpa", ele teria que ficar mais dois minutos no cantinho, e nada. Por fim, eu deixei ele no cantinho mais dois minutos, e depois fui lá tirá-lo, exigindo as desculpas. Mais uma vez ele estava irredutível. Eu já estava quase em pânico, porque não queria ter que deixá-lo lá uma terceira vez seguida. Eu insisti, insisti, insisti até que, em meio ao choro, eu ouvi:

- D-d-d-d-d-d-i...

Parecia que ele estava sendo obrigado a matar alguém, tamanha a dificuldade em dizer uma simples palavrinha! Quando eu o abracei, e disse que aceitava as desculpas, ele desmontou no meu colo e deu um suspiro enorme, como se tivesse acabado de tirar um peso enorme dos ombros! 

Eu nunca imaginei que uma criancinha de dois anos já tivesse esse tipo de orgulho próprio. 

Vivendo e aprendendo.

2 comentários:

Re disse...

ai, que saudade desse menino!!! Dê um abraço bem apertado nele por mim!!!! bjos!!

Anônimo disse...

Parabéns pela paciência!!!
Nessas horas é que a gente se pergunta, quem educa quem!!!

MAB