17.1.08

a montanha

Existem pessoas que se completam, mas que não fazem idéia do quanto. Ou só vão descobrir depois.

Meu vô engraçado e minha vó Miss foram o casal mais divertido que eu já conheci. Ela adorava falar palavrão e ele gostava de fazer trocadilhos com eles. Só por isso, já seriam a alegria da criançada, mas isso era o de menos. Pois eles viviam brigando que nem cão e gato, e isso sim era engraçado demais.

Vovó Miss tinha um gênio! E o vô engraçado é irritantemente distraído (porém, em igual proporção, inteligente - ambos). Ela pegava muito no pé dele e era extremamente egocêntrica. Era até bem chata por isso, o que acabava abafando suas (muitas) qualidades.

Certa vez meu vô contou:

- Outro dia deixei um papel cair no chão da sala. Eu sabia que se me abaixasse, ficaria com muita dor nas costas o dia inteiro. Mas pensei no quanto eu ia ter que ouvir se a Nena visse aquele papel no chão. Não tive dúvida, abaixei e peguei o papel.

Aí, uns meses depois que a vó Miss faleceu, ele chegou pra minha mãe e disse mais ou menos assim:

- Quando a gente está no pé de uma montanha, é muito difícil apreender sua grandeza e muitas vezes não conseguimos nos dar conta de quão monumental ela é. Aí, a gente vai se afastando e quando está bem longe, percebe como aquela montanha era grande. A montanha é a Nena...

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